sábado, 2 de julho de 2011

Saudade




"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." (Clarice Lispector)







Um pouco do que sou é verdade, todo o resto é saudade, resumida em pequenos dias de alegria, misturado com um tanto de equilíbrio, acompanhado de uma grande quantia de liberdade, salvo os dias que eu estou triste - é claro - é preciso passar por eles também para se ter certeza que está vivo.


Beijos,
Gá Agulhinha.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

De todos os sentimentos que possam existir, o que mais me impressiona -
o que eu mais simpatizo também - é o fabuloso Esquecimento.

Quem nunca quis?

Esquecer um Amor; Esquecer uma Dor; Esquecer uma mágoa; Esquecer o dia que foi ruim; Esquecer o tempo que não foi bom; Esquecer as tristezas; Esquecer alguém;
Esquecer.. esquecer.. esquecer...

Ninguém ama um esquecimento, ninguém dói um esquecimento; ninguém magoa um esquecimento, ninguém entristece um esquecimento...

E se hoje me perguntarem o que preciso no momento, não vou dizer Amor, não vou dizer felicidade, não vou dizer que quero um dia bom ou que quero alguém - afinal, já tenho todos esses sentimentos grudados em mim - simplesmente vou querer que me ensinem de verdade como consigo achar esse cara, chamado esquecimento.



Beijos,
Gá Agulhinha.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Desassossegados



Minhas lindas!!
Quanto tempo não passo aqui, algumas correrias do dia-a-dia me fizeram afastar dos prazeres da internet. Juro que não abandonei este blog, quero me redimir por todo este tempo!
Vou dar umas "sapiadas" pelos blogs e conferir as novidades de vocês também.

Beijos,

Gá Agulhinha


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Desassossegados


"A inquietação que nos torna insuportavelmente exigentes com a gente mesmo e a ambição de vencer não os jogos;mas o tempo;este adversário implacável.

desassossegados do mundo correm atrás da felicidade possível;e uma vez alcançado seu quinhão;não sossegam:saem atrás da felicidade improvável;aquela que se promete constante;aquela que ninguém nunca viu;e por isso sua raridade.

desassossegados amam com atropelo;cultivam fantasias irreais de amores sublimes;fartos e eternos;são sabidamente apressados;cheios de ânsias e desejos; amam muito mais do que necessitam e recebem menos amor do que planejavam.

desassossegados pensam acordados e dormindo; pensam falando e escutando;pensam ao concordar e; quando discordam;pensam que pensam melhor;e pensam com clareza uns dias e com a mente turva em outros;e pensam tanto que pensam que descansam.

desassossegados não podem mais ver o telejornal que choram;não podem sair mais às ruas que temem;não podem aceitar tanta gente crua habitando os topos das pirâmides e tanta gente cozida em filas;em madrugadas e no silêncio dos bueiros.

desassossegados vestem-se de qualquer jeito;arrancam a pele dos dedos com os dentes;homens e mulheres soterrados;cavando uma abertura;tentando abrir uma janela emperrada;inventando uns desafios diferentes para sentir sua vida empurrada;desassossegados voltados pra frente.

desassossegados desconfiam de si mesmos;se acusam e se defendem;contradizem-se;são fáceis e difíceis; acatam e desrespeitam as leis e seus próprios conceitos;tumultuados e irresistíveis seres que latejam.

desassossegados têm insônia e são gentis;lhes incomodam as verdades imutáveis;riem quando bebem; não enjoam;mas ficam tontos com tanta idéia solta;com tamanha esquizofrenia;não se acomodam em rede;leito; lamentam a falta que faz uma paz inconsciente.

eu sou;e só sossego quando me aceito."

por -
Martha Medeiros


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